quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Estudos teologicos - HERMENÊUTICA

HERMENÊUTICA, SUA IMPORTÂNCIA



A hermenêutica é uma das ciências que o pregador deve conhecer de primeira mão. Infelizmente, porém, há pregadores que não a conhecem sequer seu nome! O dicionário comum a define como sendo a “arte de interpretar textos”. Porém, a hermenêutica objeto deste trabalho é a “parte da Teologia exegética, ou seja, a que trata da reta inteligência e interpretação das Escrituras bíblicas”. O termo vem do grego: hermenevein que significa interpretar.
A importância da hermenêutica está no fato de que, como o próprio apóstolo Pedro admite, a Bíblia contém “certas cousas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras para a própria destruição deles”.
Esses ignorantes, pretensos doutos, sempre se tem constituído em heresiarcas ou falsos, profetas da antiguidade até os papistas da era cristã, e os russelitas de hoje, assim como qualquer pregador que ignora esta importante ciência se encontrará muitas vezes perplexo, e cairá facilmente no erro de Balaão e na contradição de Coré. A arma principal do soldado de Cristo é a Escritura, e se desconhece seu valor e ignora seu uso legítimo, que soldado será?
Não há livro mais perseguido pelos inimigos nem livro mais torturado pelos amigos que a Bíblia, devido á ignorância da sadia regra de interpretação.

A LINGUAGEM BÍBLICA

A Escritura Sagrada testemunha de si mesma como sendo “divinamente inspirada, útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. A Escritura tem por objetivo fazer o homem “sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 Tm. 3.15,16).
Por isso a Bíblia fala com simplicidade e clareza. De fato se lermos o Novo Testamento, encontramos a cada passo em suas páginas os grandes princípios e deveres cristãos expressos em linguagem simples e clara, evidente e palpável. Em cada página ressalta a espiritualidade e santidade de Deus, ao mesmo tempo que a espiritualidade e o fervor demandam sua adoração. Em todas as partes nos é pintada a queda e corrupção do homem e a conseqüente necessidade de arrependimento e conversão. Em todas as partes é proclamada a remissão do pecado em nome de Cristo e a salvação por seus méritos; a vida eterna pela fé em Jesus, e, ao mesmo tempo, a morte eterna pela falta de fé no
Salvador. A cada passo aparece os deveres cristãos em todas as circunstâncias da vida e as promessas de ajuda do Espírito de Deus no combate contra a corrupção e o pecado. Estas verdades brilham como a luz do dia, de sorte que nem o leitor mais superficial e indiferente deixará de vê-las.
Ocorre, entretanto, que, assim como num simples livro de escola primária, que trata de coisas terrenas, ás vezes se deparam com palavras e passagens que o homem não compreende sem um estudo mais acurado, não é de se admirar que nas Escrituras Sagradas, que tratam das coisas celestiais, divinas e eternas, iremos encontrar igualmente palavras e passagens de difícil compreensão.


Ademais, deve-se considerar que a Bíblia, é um livro escrito em países distantes e diferentes do nosso, em diferentes épocas, há centenas e até milhares de anos. Quando Deus inspirou os homens santos para escrever a Bíblia, a linguagem utilizada foi a mais simples e acessível aos homens da época, de acordo com seus costumes milenares, os quais, ao longo dos séculos sofreram modificações nos países onde ela foi escrita. Para outros países, tais costumes sequer jamais existiram.
Nada mais natural, pois, que contenham as Escrituras pontos obscuros, palavras e passagens que requerem estudo e cuidadosa interpretação.


REGRA GERAL DE INTERPRETAÇÃO .

A Escritura é explicada pela Escritura. Esta é a regra fundamental de interpretação das escrituras. Ela não é de “particular interpretação”. A Bíblia é sua própria intérprete. O primeiro a interpretar a Palavra de Deus foi o diabo, dando-lhe um sentido que ela não tinha, falseando astutamente a verdade. Mais tarde, o mesmo inimigo, falseia o sentido da Palavra escrita, truncando-a, isto é, citando a parte que lhe convinha e omitindo a outra.
Imitadores, conscientes e inconscientes, têm surgido para perpetuar este procedimento diabólico, enganando a humanidade com falsas interpretações das Escrituras.
Por ignorar ou mesmo por violar esse princípio de que a Bíblia é interpretada por ela mesma é que muitos têm incorrido em funestos erros. Fixando-se em palavras e versículos arrancados de seu conjunto e não permitindo á Escritura explicar-se a si mesma, encontraram os judeus aparente apoio nela para rejeitar a Cristo. Procedendo do mesmo modo, encontraram os papistas aparente apoio na Bíblia para o erro do papado e das matanças com ele relacionadas, para não falar da Santa Inquisição e outros erros do mesmo estilo. Atuando assim acham aparente apoio os espíritas para sua errônea encarnação; os comunistas, para sua repartição dos bens; os incrédulos zombadores, para as contradições; os russelitas, para seus erros blasfemos.
Devido a esse abuso, diz-se que com a Bíblia se prova o que se quer. A má vontade, a incredulidade, a preguiça em seu estudo; o apego a idéias falsas e mundanas, e a ignorância de toda regra de interpretação, provará o que se queira com a Bíblia; no entanto a Bíblia jamais aprovará o que os homens assim querem.
A Bíblia possui a autoridade divina e como tal deve ser respeitada e reverenciada. Não deve ser lida com idéias preconcebidas, como que buscando nela apoio. Deve-se deixar que ela fale livremente, liberando sua mensagem.
Assim não é estranho que nos eminentes escritores da antiguidade se encontre afirmações como estas: As Escrituras são seu melhor intérprete. Compreenderás a Palavra de Deus melhor que de outro modo, comparando uma parte com outra, comparando o espiritual com o espiritual (1 Co. 2.13). Isso equivale a usar a Escritura de tal modo que venha a ser ela seu próprio intérprete. Esta é a regra das regras.

PRIMEIRA REGRA

Os escritores das Sagradas Escrituras escreveram, naturalmente, com o objetivo de se fazerem compreender.

E, por conseguinte, deveriam valer-se de palavras conhecidas e deveriam usá-las no sentido geralmente tinham. Averiguar e determinar qual seja este sentido usual e ordinário deve constituir, portanto, o primeiro cuidado na interpretação ou correta compreensão das Escrituras.
Daí se deduz a primeira regra: As palavras devem ser tomadas, tanto quanto possível, em sentido usual e comum.
Esta regra é sunamente natural e simples, porém da maior importância. Pois, ignorando ou violando-a em muitas partes da Escritura não terá outro sentido que aquele que queira conceder-lhe o capricho humano. Por exemplo, houve quem imaginasse que as ovelhas e os bois que menciona o Salmo 8 eram os crentes, enquanto as aves e os peixes eram os incrédulos, donde se concluía, em conseqüência, que todos os homens, queiram ou não, estão submetidos ao poder de Cristo. Se tivesse sido levado em conta o sentido usual e comum das palavras, não teria caído em semelhante erro.
No entanto, deve-se ter em mente sempre que o sentido usual e comum não equivale sempre ao sentido literal. Em outras palavras, o dever de tomar as palavras, e frases em seu sentido comum e natural não significa que sempre devem tomar-se ao “pé da letra”. Como se sabe, cada idioma tem seus modos próprios modos e peculiares de expressão, e tão singulares, que se for traduzido ao pé da letra, perde-se ou se é destruído completamente o sentido real e verdadeiro. Esta circunstância aplica-se mais á linguagem das Escrituras, do que a outro livro qualquer, pois ela está cheia de tais modos e expressões próprias e peculiares.
Os escritores sagrados não se dirigem a certa classe de pessoas privilegiadas, mas a seu povo em geral; e, por conseguinte, não se servem de uma linguagem científica ou seca, mas figurada e popular.
Precisamos ter isso tudo presente para podermos determinar qual seja o verdadeiro sentido usual e comum das palavras e frases.
Exemplo: Em Gênesis 6.12, lemos: “Porque toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra”. Tomando aqui as palavras carne e caminho em sentido literal, o texto perde o significado por completo. Já se forem tomadas em sentido comum usando-se como figuras, isto é carne em sentido de pessoa e caminho no sentido de costumes, modo de proceder ou religião, já não só tem significado, mas um significado terminante, dizendo-lhe que toda pessoa havia corrompido seus costumes; a mesma verdade que nos declara Paulo, sem figura, dizendo: “ Não há quem faça o bem” (Rm.3.12).

SEGUNDA REGRA

As palavras devem ser tomadas no sentido que indica o conjunto da frase.
O motivo desta regra é que na linguagem bíblica, como em outra qualquer, existem palavras que variam muito em seu significado, segundo o sentido da frase ou argumento em que ocorrem. Importa, pois, averiguar e determinar sempre qual seja o pensamento especial que o escritor se propõe expressar, e assim, tomando por guia este pensamento, poder-se-ia determinar o sentido positivo da palavra que apresenta dificuldade.
Dos exemplos que oferecemos a seguir ver-se-á como varia, segundo a frase, texto ou versículo, o significado de algumas palavras muito importantes, acentuando assim a importância desta regra.


Exemplo: 1. Fé: A palavra fé, ordinariamente significa confiança; mas também tem outras acepções. Lemos de Paulo, por exemplo: “Agora prega a fé que outrora procura destruir” (Gl.1.23). Do conjunto desta frase vimos claramente que a fé, aqui, significa crença, ou seja, a doutrina de Evangelho.
“Mas aquele que tem dúvidas, é condenado, se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo que não provém de fé é pecado” (Rm.14.23). Pelo conjunto do versículo, verifica-se que a palavra aqui ocorre no sentido de convicção; convicção do dever cristão para com os irmãos.

2. Salvação, salvar: Estas palavras são usadas freqüentemente no sentido da
salvação do pecado e de suas conseqüências. Têm, porém, outros significados. Lemos, por
exemplo, que “Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria salvar, por
intermédio dele” (At. 7.25). Guiados pelo conjunto do versículo, compreendemos que aqui
ocorre a palavra salvar no sentido de Liberdade temporal, isto é, a libertação do jugo de Faraó, o que é bem diferente do significado comum da palavra, que é salvar do pecado.
“A nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos” (Rm.13.11). A salvação aqui não significa libertação do pecado, mas equivale á vinda de Cristo, quando se dará a redenção do corpo (Rm.8.23).
“Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?” (Hb. 2.3). Considerando o conjunto de palavras, o termo salvação aqui quer dizer toda a revelação do Evangelho.

3. Graça: O significado comum da palavra graça é favor; porém se usa também em outros sentidos. Lemos, por exemplo; “Pela graça sois salvo, mediante a fé; e isto não vêm de vós, é Dom de Deus” (Ef. 2.8). Pelo conjunto deste versículo se vê claramente que graça significa a pura misericórdia e bondade de Deus manifestadas aos crentes sem mérito nenhum da parte deles.
“Falando ousadamente no Senhor, o qual confirmava a palavra de sua graça” (At.14.3) significando, a pregação do Evangelho.

4. Carne: “E vos darei coração de carne” (Ez. 36.26), isto é, uma disposição terna e dócil.
Com estes exemplos, pode observar-se quanto é importante atentar para o sentido da palavra considerada dentro do conjunto de palavras entre as quais está inserida.


TERCEIRA REGRA

Esta regra é uma ampliação da anterior, pois diz: É necessário tomar as palavras no sentindo indicado no contexto, a saber, os versículos que precedem e seguem ao texto que se estuda. Trocando em miúdos, significa que as palavras que se quer compreender devem ser entendidas levando-se em conta o sentido do contexto, isto é, os versículos que vêm antes e os que vem depois delas.
Ás vezes sucede que não basta o conjunto de uma frase para determinar qual é o verdadeiro significado de certas palavras.



Portanto, e em tal caso, devemos começar mais acima a leitura e continuá-la até mais abaixo, para levar em conta o que precede e segue a expressão obscura e, procedendo assim, encontrar-se-á clareza no contexto por diferentes circunstâncias.
Para clarear mais, passemos aos exemplos:

1.. No contexto achamos expressões, versículos ou exemplos que nos esclarecem e definem o significado da palavra obscura. Ao dizer Paulo: “quando lerdes, podeis compreender o meu discernimento no mistério de Cristo” (Ef. 3.4), ficamos um tanto
indecisos com respeito ao verdadeiro significado da palavra mistério. Porém, pelos versículos anteriores e posteriores, verificamos que a palavra mistério se aplica aqui á participação dos gentios nos benefícios do Evangelho. Encontra-se a mesma palavra em sentido diferente em outras passagens, sendo necessário, em cada caso, o contexto para
determinar o significado exato.
Este vocábulo é usado noutro sentido, determinando o contexto sua correta interpretação.

2. Ás vezes encontra-se uma palavra obscura aclarada no contexto por sinônimo ou ainda por palavra oposta e contrária á obscura. Assim que, por exemplo, a palavra “aliança” (Gl. 3.17), se explica pelo vocábulo promessa que aparece no final do mesmo versículo. Assim também acham sua explicação as palavras difíceis, “radicados e edificados” pela expressão “confirmados na fé” que vem logo em seguida ás mesmas (Cl.2.7).
“O Salário do pecado é a morte”, diz o apóstolo Paulo. O sentido profundo desta expressão faz ressaltar de uma maneira viva a expressão oposta que a segue: “mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna” (Rm 6.23). Outro tanto sucede em relação a fé, quando João diz: quem crê no filho tem a vida eterna”, pintando ao vivo a palavra crer pela expressão oposta: “o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo 3.36).

3. Ás vezes, uma palavra que expressa uma idéia geral e absoluta deve ser tomada num sentido restritivo, segundo determine alguma circunstância especial do contexto, ou melhor, o conjunto das declarações das Escrituras em assunto de doutrina. Quando Davi, por exemplo, exclama:“Julgam-me, Senhor, segundo a minha retidão, e segundo a integridade que há em mim”, o contexto nos faz compreender que Davi só proclama sua retidão e integridade em oposição ás calúnias que Cuxe, o benjamita, levantara contra ele (Sl. 7.8).
Tratando-se do administrador infiel, temos indicada sua conduta como digna de imitação, porém, pelo contexto vemos limitado o exemplo á prudência do administrador, com exclusão total de seu procedimento desonesto (Lc.16.1-13)
Falando Jesus do cego de nascimento, disse: “Nem ele pecou, nem seus pais”, com o que de nenhum modo afirma Jesus que não houvessem seus pais pecado; pois existe no contexto uma circunstância que limita o sentido da frase a que não haviam pecado para que sofresse de cegueira como conseqüência, segundo erroneamente pensavam os discípulos. (Jo. 9.3).
Advertimos que, em se tratando de contexto, é preciso alertar que ás vezes se rompe o fio do argumento ou narração por um parênteses mais curto ou menos longo, depois do qual volta ao assunto. Se o parênteses é curto não há dificuldade, porém se é longo, como sucede seguidamente nas epístolas de Paulo, requer particular atenção.

4. Por último, não se esqueça que, ás vezes, tão somente pelo contexto se pode determinar se uma expressão deve ser tomada ao pé da letra ou em sentido figurado.
Chamando Jesus ao vinho sangue da aliança, compreendemos pelo contexto que a palavra sangue deve ser tomada em sentido figurado, desde o momento que Jesus, no dito contexto, volta a chamar ao vinho de fruto da videira, embora o tivesse abençoado. Daí
vemos, além disso, que não vem de Jesus o ensino de transformação de vinho em sangue verdadeiro de Cristo, como pretendem os que fazem caso omisso do contexto, torcendo as Escrituras para sua perdição ( Mt. 26.27,29).

QUARTA REGRA.

É preciso tomar em consideração o objetivo ou desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras. Esta regra, como se vê, não é mais do que a ampliação das anteriores em caso de não oferecer suficiente luz, nem o conjunto da frase, nem o contexto, para remover a dificuldade e dissipar toda dúvida.
O objetivo ou desígnio de um livro ou passagem se adquire, sobretudo, lendo-o e estudando-o com atenção e repetidas vezes, tendo em conta a ocasião em que foi escrito e a que pessoas foi dirigido. Em outros casos consta o desígnio do livro ou passagem no próprio livro ou passagem, como por exemplo, o de toda a Bíblia, está em Rm. 15.4;2 Tm.3.16,17; o dos Evangelhos, em João 20.31;o de Pe. no cap.3.2; e o de Provérbios no cap.1.1,4.
O desígnio alcançado pelo estudo diligente nos oferece auxílio admirável para explicação de pontos obscuros, para a aclaração de textos que parecem contraditórios e para conseguir um conhecimento mais profundo de passagens que já são claras em si mesmas.


Exemplos:

1. É evidente que as cartas aos Gálatas e aos Colossenses foram escritas na ocasião dos erros que, com grande dano, os judaizantes ou “falsos mestres” procuravam implantar nas igrejas apostólicas. Por conseguinte, estas cartas têm por desígnio expor com toda clareza a salvação pela morte expiatória de Cristo, contrariamente aos ensinos judaizantes, que pregavam as obras, a observância de dias de cerimônia judaica, a disciplina do corpo e a falsa filosofia. A cada passo encontraremos luz no estudo destas cartas para a melhor compreensão de passagens, embora claras, em si mesmas, se temos esse desígnio sempre presente. Leremos ao mesmo tempo com mais entendimento, por exemplo, os Salmos 3,18,34 e 51, levando-se em conta em que ocasião foram escritos, coisa que consta em seu respectivo encabeçamento. Outro tanto dizemos dos Salmos 120 até 134, intitulados “Cântico dos degraus”, se tivermos presentes que foram escritos para serem cantados pelos judeus em suas viagens anuais a Jerusalém.

2. Eis aqui a luz que oferece o desígnio para explicação de um ponto obscuro, desígnio adquirido tendo em conta a condição de uma pessoa se dirige Jesus.


Quando um príncipe cegado pela justiça própria perguntou-lhe que bem deveria fazer para obter a vida eterna (Mt.19.16; Lc.18.18) e Jesus lhe responde: “Guarda os mandamentos “. Porventura Jesus queria ensinar-lhe com esta resposta que a salvação se obtinha mediante a observância do Decálogo? Certamente que não, desde o momento que Jesus mesmo e as Escrituras em todas as partes ensinam que a vida eterna se adquire unicamente pela fé no Salvador. Como explicar, pois, que Jesus lhe desse tal resposta? Tudo fica claro e desaparece toda a dúvida, se tivermos em conta qual o desígnio com Jesus lhe fala. Pois, evidentemente seu objetivo foi valer-se da mesma lei e do mandamento novo de “vender tudo o que possuía para tirar o pobre cego de sua ilusão e levá-lo ao conhecimento de suas faltas para com a lei divina e á conseqüente humilhação, o que também conseguiu, fazendo-o compreender que não passava de um pobre idólatra de suas riquezas, que nem mesmo o primeiro mandamento da lei (Amai a Deus sobre todas as coisas inclusive a riqueza) ele havia cumprido. O desígnio de Jesus, neste caso, foi o de usar a lei qual “aio”, como disse o Apóstolo, para, para conduzir o pecador á verdadeira fonte de salvação, porém não como meio de salvação, e eis aqui porque lhe indica os mandamentos.

3. Vejamos como, tendo em consideração o desígnio, desaparecem as aparentes contradições. Quando Paulo disse que o homem é justificado (declarado sem culpa) pela fé sem as obras, enquanto Tiago afirma que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé, desaparece a aparente contradição desde o momento que tomemos em conta o desígnio diferente que levam as cartas de um e de outro (Rm. 3.28 e Tg. 2.24). Paulo combate e refuta o erro dos que confiavam nas obras da lei mosaica como meio da justificação, rechaçando a fé em Cristo. Tiago, por sua vez, combate o erro de alguns desordenados que contentavam com uma fé imaginária, descuidando e rechaçando as boas obras. Daí que Paulo trata da justificação pessoal diante Deus, enquanto Tiago se ocupa da justificação pelas obras diante dos homens. Em outras palavras Tiago buscou esclarecer que a fé salvadora se demonstra mediante boas obras. O ato de ser justificado (declarado sem culpa) o homem criminoso á vista de Deus, realiza-se tão somente pela fé no sacrifício de Cristo pelo pecado e sem as obras da lei; porém o ser justificado ( declarado sem culpa) á vista do mundo, ou da igreja, realiza-se mediante obras palpáveis e “não somente pela fé” que é invisível. “Mostra-me a tua fé pelas tuas obras”, desafia Tiago. Tal exigência, também, das cartas de Paulo. Vemos, pois, que as pessoas são justificadas diante de Deus mediante a fé, porém, nossa fé é justificada diante dos homens mediante as obras. Daí compreendermos que concordam perfeitamente as doutrinas dos apóstolos.

4. Outro caso de aparente contradição, que também aclara o desígnio dos escritos correspondentes, encontramos nas cartas de Paulo. Na que dirige aos Gálatas (4.10,11), ele se opõe á observância dos dias de festas judaicas, e na dirigida aos Romanos (14. 5,6) não faz uma oposição definitiva a tal observância. Como explicar esta diferença? Simplesmente porque o objetivo geral da Carta aos Gálatas era de resistir ás doutrinas dos falsos mestres que haviam desviado aos Gálatas. Esses mestres lhes haviam ensinado que para a salvação, além de certa fé no Cristianismo, era preciso guardar as práticas judaicas do Antigo Testamento, com o que em realidade atacam o fundamento da justificação pela fé, tornando nulo o sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Do grave perigo em que haviam ido parar, queixa-se amargamente o apóstolo e nada há de estranho em que se opusesse com firmeza a essas observâncias judaicas que obscureciam o glorioso Salvador e ameaçavam arruinar o trabalho apostólico entre eles. Muito diferente é o caso que o apóstolo trata em sua carta aos Romanos (Rm. 15.1-3).
A passagem em que isso ocorre tem por objetivo estabelecer a paz perturbada entre um grupo de irmãos fracos convertido do Judaísmo que criticavam os crentes mais firmes, os quais, por sua vez, desprezavam os fracos. Estes irmãos débeis, que se haviam imposto não comer carne nem beber vinho e que guardavam as festas judaicas, não se encontravam no grave perigo dos Gálatas. Assim é que o apóstolo menciona que uns consideram todos os dias iguais, enquanto outros observam certo dia com preferência a outro, afirmando que estes o fazem assim para o Senhor, sem opor-se direta e definitivamente a isso. Porém, considerando o repetido encargo, que ato contínuo lhe dirige de estarem “seguros em seu ânimo”, isto é, de se submeter a sério exame a cousa até não haver lugar para dúvida com respeito ao correto proceder que ambas as partes nos assuntos divergentes deviam observar, e considerando além disso que seu desejo e desígnio eram que os antagonistas chegassem a um mesmo parecer (15.5,6), para que cessassem as discórdias e se restabelecesse a paz. É evidente que o apóstolo induz os fracos a avançar em seu critério, até ao ponto de abandonar a observância das festas judaicas.

QUINTA REGRA

Consultar as passagens paralelas. Passagens paralelas são aquelas que fazem referências uma á outra; que tenham entre si alguma relação, ou tratem de um modo ou de outro de um mesmo assunto “explicando cousas espirituais pelas espirituais(1 Co.2.13).
É importante apelar para tais paralelos para aclarar determinadas passagens obscuras e também para adquirir conhecimentos bíblicos exatos quanto a doutrinas e práticas cristãs. Para que uma doutrina seja bíblica ela precisa resumir e expressar em si mesma tudo o que estabelece a Bíblia e tudo o que esta excetua em suas diferentes partes em relação á doutrina considerada. Se isto fosse sempre observado muitos erros seriam evitados.
Neste estudo, convém observar que há paralelos de palavras de idéias e paralelos de ensino gerais. Examinemos um a um.

1. PARALELOS DE PALAVRAS.

Quando o conjunto da frase ou contexto não bastam para explicar uma palavra duvidosa, procura-se adquirir o seu verdadeiro significado consultando outros textos em que aquela palavra ocorre. E quando se tratar de nomes próprios, apela-se para o mesmo procedimento. Isto faz ressaltar fatos e verdades que de outro modo perderiam sua importância e significado.
Passemos aos exemplos.

1. Em Gálatas 6.17, diz Paulo: “Trago no corpo as marcas de Jesus”. Que eram essas marcas? Nem o conjunto da frase, nem o contexto nô-la explica. Iremos, pois, ás passagens paralelas. Em 2 Co. 4.10, encontramos em primeiro lugar, que Paulo usa a expressão “levando sempre no corpo o morrer de Jesus, isto quando falava da cruel perseguição de que continuamente Cristo padecia, o que nos indica que essas marcas se relacionam com a perseguição que ele, Paulo, sofria, á semelhança de Jesus. Isso fica mais claro quando levamos 2 Co.11.23,25, onde o apóstolo afirma que foi açoitado cinco vezes (com chicote de couro) e três vezes com varas. Tais suplícios eram tão cruéis que, se não deixavam o paciente morto causavam marcas no corpo que duravam por toda a vida, assim o resultado.
Assim, o consultando os paralelos de palavras, aprendemos que as marcas que as marcas que Paulo trazia no corpo não era os sinais da cruz milagrosa ou artificialmente produzida, como alguns pretendem que seja, porém tratam-se dos suplícios que ele sofrera pelo Evangelho de Jesus Cristo.

2. Na carta aos Gálatas 3. 27, diz o apóstolo acerca de dos batizados: “de Cristo vos
revestistes”. Em que consiste estar revestido de Cristo? Pelas passagens paralelas em Rm.
13.13,14 e Cl.3.12,14, tudo se esclarece. O estar revestido de Cristo, por um lado consiste em ter deixado as práticas carnais, da luxúria, dissoluções, contendas e ciúmes; e por outro em haver adotado como vestido decoroso a prática de uma vida nova, como a misericórdia , benignidade, humildade, mansidão, tolerância e sobretudo o amor cujos atos os cristãos primitivos simbolizavam no seu batismo, deixando-se sepultar e levantar em sinal de
haverem morrido para essas práticas mundanas e de haverem ressuscitado em novidade de
vida, com suas correspondentes práticas novas. Assim é que, consultando os paralelos, aprendemos que o estar revestido de Cristo não consiste em haver adotado esta ou aquela túnica ou vestido “sagrado”, mas em adorno espirituais ou morais próprios do Cristianismo simples, santo e puro (1 Pe.3.3-6).


3. Conforme Atos 13.22, Davi foi um “homem segundo o coração de Deus”. Quererá a Escritura com esta expressão apresentar Davi como modelo de perfeição? Não porque a mesma Escritura não esconde suas muitas e graves faltas, nem seus correspondentes castigos. Como e em que sentido foi ele homem conforme o coração de Deus? Busquemos os paralelos. Em 1 Sm. 2.35, disse Deus: “Suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o que tenho no coração”, do que resulta, tomando toda a passagem em consideração, que Davi, especialmente em sua qualidade de sacerdote-rei, procederia segundo o coração de ou a vontade de Deus. Esta idéia se encontra plenamente confirmada na passagem paralela do cap. 13, verso 14, onde também verificamos que era em vista do rebelde Saul e contrário á sua má conduta como rei, que Davi seria homem segundo o coração de Deus.

4. Um exemplo sobre paralelo de nomes próprios temo-lo no relato de Balaão, em Números 22 e 24, deixando-nos em dúvida quanto ao verdadeiro caráter de sua pessoa. Foi ele realmente profeta? E, em tal caso, qual foi a causa da queda? Consultando os paralelos do Novo Testamento, verificamos em 2 Pe. e Judas II, que ele foi pretenso profeta que atuava levado pela paixão da cobiça, e por Ap. 2.14, que por suas instigações Balaque fez os israelitas caírem em pecado tão grande que lhes custou a destruição de 24.000 pessoas.

Observação. Ao consultar-se este tipo de paralelo convém proceder como segue: principalmente buscar o paralelo , ou seja, a aclaração da palavra obscura no mesmo livro ou autor em que se encontra, depois nos demais da mesma época, e, finalmente em qualquer livro da escritura. Isto é necessário porque, ás vezes, varia o sentido de uma palavra, conforme o autor que a usa, segundo a época em que se emprega, e ainda, como já dito, segundo o texto em que ocorre no mesmo livro.




2. PARALELOS DE IDÉIAS.

O procedimento com relação às idéias obscura ou discutível é idêntico ao estudado acima. A diferença é que estudamos paralelos de palavras. Agora de textos. Assim, para conseguir idéia completa e exata do que ensina a Escritura neste ou naquele texto determinado, talvez obscuro ou discutível, consultam-se não só as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos ou passagens aclaratórias que se relacionem com o dito texto obscuro ou discutível. Tais textos ou passagens são o que se chamam de paralelos de idéias.

Exemplos:

1. Ao instituir Jesus a ceia, deu o cálice aos discípulos, dizendo:”Bebei dele todos”.
Significa isto que só os ministros da religião devem participar do vinho na ceia excluindo a congregação? Que idéia nos proporcionam os paralelos?
Em 1 Co. 11.22-29, nada menos que seis versículos consecutivos nos apresentam o “comer do pão e beber do vinho” como fatos inseparáveis na ceia, destinando os elementos a todos a todos os membros da igreja sem distinção. Invenção humana, destituída de fundamento bíblico é, pois o participarem uns do pão e outros do vinho na comunhão.

2. Ao dizer Jesus: “Sobre esta edificarei a minha igreja”, constitui ele a Pedro como fundamento da igreja, estabelecendo o primado de Pedro e dos papas, como pretendem os papistas? Note-se primeiro que Cristo não disse: “Sobre ti, Pedro”. Nada melhor que os paralelos que oferecem as palavras de Cristo e Pedro, respectivamente, para determinar este assunto, ou seja, o significado deste texto. Pois bem, em Mateus 21. 42, 44, vemos Jesus mesmo como a pedra fundamental ou “pedra angular”, profetizada e tipificada no Antigo Testamento. E em conformidade com esta idéia, Pedro mesmo declara que Cristo é a pedra que vive, a principal pedra angular, rejeitada pelos judeus, em Sião, esta pedra foi feita a principal pedra angular (1 Pe.2.4,8). Paulo confirma e aclara a mesma idéia, dizendo aos membros da igreja de Èfeso (2.20) que são edificado sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo Cristo Jesus, a pedra angular, no qual todo edifício, bem ajustado cresce para santuário dedicado ao Senhor”. Deste fundamento da igreja, posto pela pregação de Paulo, “como prudente construtor” entre os corintios, disse o apóstolo: “porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co.3.10,11).

Cotejando estes e outros paralelos, chegamos á conclusão de que Cristo, no texto considerado, não constitui a Pedro como fundamento de sua igreja.
O modo de proceder, tratando-se de paralelos, é pois o de aclarar as passagens obscuras mediante paralelos mais claros: quando se tratar de expressões figurativas, estas devem ser aclaradas mediante textos paralelos próprios e sem figura. Já as idéias sumariamente expressas (resumidas), serão aclaradas através de paralelos mais extensos e explícitos. Vejamos a seguir novos exemplos.

1. Acentua-se muito o amor aos crentes em 1 Pe. 4.8, porque o amor cobre multidões de pecados. Como explicar este texto obscuro? Pelo contexto e cotejando-o com 1 Co.13 e Cl. 1.4, compreendemos que a palavra amor é usada aqui no sentido de amor fraternal. Porém em que sentido cobre o amor fraternal muitos os pecados?
Em Rm. 4.8 e Sl.32.1, vemos o pecado perdoado sob a figura de “pecado coberto”, “sepultado no esquecimento”, como nós diríamos. Consultando o conteúdo de Pv.10.12, citado por Pedro neste lugar, compreendemos que o amor fraternal cobre muitos pecados no sentido de perdoar as ofensas recebidas dos irmãos, sepultando-os no esquecimento, contrario ao ódio que desperta rixas e aviva o pecado. Não se trata aqui de merecer o perdão dos próprios pecados mediante obras de caridade, nem de encobrir pecados próprios e alheios mediante dissimulações e escusas, como erroneamente pretendem os que não cuidam de consultar os paralelos, buscando explicar a Escritura pela própria Escritura.

2. Segundo Gl. 6.15, o que é de valor para Cristo é nova criatura. Que significa esta expressão figurada? Consultando o paralelo de 2 Co. 5.17, verificamos que nova criatura é a pessoa que “está em Cristo, para a qual “as cousas antigas passaram” e “se fizeram novas”; enquanto em Gl. 5.6 e 1 Co.7.19, temos a nova criatura como a pessoa que tem fé e
observa os mandamentos de Deus.

3. Paulo expõe sumariamente a idéia da justificação pela fé, na epístola aos Filipenses 3.9, dizendo que deseja ser achado em Cristo,”não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus baseada na fé. Para conseguir clareza desta idéia é preciso recorrer a numerosas passagens das cartas de aos Romanos e aos Gálatas, nas quais se explica extensamente como pela lei todo homem é réu convicto diante de Deus e como pela fé na morte de Cristo, em lugar do pecador, o homem, sem mérito próprio algum, é declarado justo e absolvido pelo próprio Deus (Rm. 3, 4,5;Gl.3,4).

3. PARALELOS DE ENSINOS GERAIS.

Há determinadas passagens bíblicas para cujo esclarecimento não são suficientes os paralelos de palavras e idéias, já vistos. É preciso recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras. Temos indicações deste tipo de paralelos na própria Bíblia, quando ela mesma determina ensinar conforme as Escrituras, de ser anunciada esta ou aquela coisa por boca de todos os profetas, e de usarem os profetas (ou pregadores) seu dom conforme a medida da fé, isto é, segundo a analogia ou regra da doutrina revelada 1 Co. 15.3,14; At.3.18; Rm.12.6).

Exemplos:

1. Diz a Escritura ”O homem é justificado pela fé sem as obras da lei.” Ora, se em conseqüência desta circunstância alguém tira o ensino de que o homem de fé fica livre das obrigações de viver uma vida santa e de conformidade com os preceitos divinos. Comete um erro, ainda quando consulte um texto paralelo. É preciso consultar o teor ou doutrina geral da Escritura que trata do assunto; feito isso, observa-se que essa interpretação é falsa por contrariar por inteiro o espírito ou desígnio do Evangelho, o qual em todas as partes previnem os crentes contra o pecado, exortando-os á pureza e á santidade.

2. Segundo o teor ou ensino geral das Escrituras, Deus é um espírito onipotente, puríssimo, santíssimo, conhecedor de todas as cousas e em todas as partes presente, fato que positivamente consta numa multidão de passagens.
Pois bem, há textos que, aparentemente, nos apresentam Deus como ser humano, limitando-o a tempo ou lugar, diminuindo em algum sentido sua pureza ou santidade, seu poder ou sabedoria; tais textos devem ser interpretados á luz de ditos ensinos gerais.
O fato de haver textos que á primeira vista não parecem harmonizar com esse teor
das Escrituras, deve-se á linguagem figurada da Bíblia e á incapacidade da mente humana de abraçar a verdade divina em sua totalidade.

3. Ao dizerem as Escrituras: “O Senhor fez todas as cousas para determinados fins, e até o perverso para o dia da calamidade” (Pv.16.4). Quererão aqui ensinar que Deus criou o ímpio para condená-lo como alguns interpretam o texto? Certamente que não; porque, segundo o teor das Escrituras, em numerosas passagens, Deus não quer a morte do ímpio, não quer que ninguém pereça, mas que todos se arrependam. E, portanto, o significado da última parte do texto deve ser que o Criador de todas as cousas, no dia mau, saberá valer-se inclusive do ímpio para levar a cabo seus adoráveis desígnios. Quantas vezes, divina providência, não tiveram de servir os perversos qual açoite e praga a outros, castigando-se a si mesmos ao mesmo tempo!.


PARALELOS APLICADOS Á LINGUAGEM FIGURADA

Ás vezes é preciso consultar os paralelos para determinar se uma passagem deve ser tomada ao pé da cetra ou sem sentido figurado. Várias vezes os profetas nos apresentam a Deus, por exemplo, com um cálice na mão dando de beber aos que quer castigar, caindo estes por terra, embriagados e aturdidos ( Naum 3.11;Habacuque 2.16 ; Salmo 75.8). Esta representação, breve e sem explicação em certos textos, encontra-se aclarada no paralelo de Isaías 51.17, 22, 23, onde aprendemos que o cálice é o furor da ira ou justa indignação de Deus, e o aturdimento ou embriaguez são assolações e quebrantamentos insuportáveis.
A propósito da linguagem figurada, é preciso recordar que alguma semelhança ou igualdade entre duas cousas, pessoas e fatos, correspondência entre o sentido figurado de uma palavra e seu sentido literal, não é necessário que tudo quanto encerra a figura se encontre no sentido literal, pois isso é mesmo impossível. Quando Cristo chama de ovelhas a seus discípulos, é natural que não apliquemos a eles todas as qualidades que encerra a palavra ovelha, a qual aqui é usada em sentido figurado. Em casos como este é bastante o sentido comum para determinar os pontos de comparação. Assim compreendemos que, ao chamar-se Cristo de o cordeiro, somente se refere a seu caráter manso e seu destino de ser sacrificado, como o cordeiro sem mácula o era entre os israelitas. Do mesmo modo compreendemos em que sentido se chama o pecado dívida; á redenção de pagamento da dívida, e ao perdão, remissão da dívida ou da culpa.
O sentido de tais expressões não ser levado a extremos exagerados. O fato de Cristo ter morrido pelos pecadores, não quer dizer que todos os pecadores são ou serão salvos. Por ter Cristo cumprido a lei não significa que tenhamos o direito de viver no pecado.


FIGURAS DE RETÓRICA.

Vimos na primeira regra que para a correta compreensão de Escrituras é necessário, na medida do possível, tomar as palavras em seu sentido usual e comum.
Pois devido á linguagem usual e figurada da Bíblia e seus hebraísmos, nem sempre as palavras devem ser tomadas ao pé da letra.
Também já observamos que é preciso familiarizar-se com esta linguagem para chegar a compreender, sem dificuldade, qual seja o sentido usual e comum das palavras. Para que o leitor consiga em parte esta familiaridade, exporemos em seguida uma série de figuras e hebraísmos, com seus correspondentes exemplos, que precisam ser estudados detidamente e repetidas vezes. Como veremos, as figuras retóricas da linguagem bíblica são
as mesmas que em outros idiomas; e não é tanto para seus nomes, um tanto estranhos, quanto para os exemplos que lhes seguem que chamamos a atenção.

METÁFORA.

Esta figura tem por base alguma semelhança entre dois objetos ou fatos, caracterizando-se um com aquilo que é próprio do outro.

Exemplos: Ao dizer Jesus: “Eu sou a videira verdadeira”, Jesus se caracteriza com o que é próprio e essencial da videira; e ao dizer aos discípulos: “Vós sois as varas. Para a boa interpretação desta figura perguntamos: que caracteriza a videira? Ou para que serve principalmente? Na resposta a tais perguntas está a explicação da figura. A videira serve para transmitir seiva e vida ás varas, a fim de produzirem uvas. Pois isto é o que, em sentido espiritual, caracteriza Cristo:qual uma videira ou tronco verdadeiro, comunica vida e força aos crentes, para que, como as varas produzem uvas, eles produzam os frutos do Cristianismo. Procede-se do mesmo modo na interpretação de outras figuras do mesmo tipo, como por exemplo: “Eu sou a porta, eu sou o caminho, eu sou o pão vivo; vós sois a luz, o sal; edifício de Deus; ide dizei áquela raposa; são os olhos da lâmpada do corpo; Judá é leãozinho; tu és minha rocha e minha fortaleza; sol e escudo é o Senhor Deus; “a casa de Jacó será fogo, e a casa de José chama e a casa de Esaú restolho”. (João 15.1;10.9;14.6;6.51; Mat.5.13,14; 1 Co.3.9; Lc.13.32; Mat.6.22;Gen.49.9; Sl.71.3;84.11; Ob.18).

SINÉDOQUE

Faz-se uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela parte, o plural pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa.

Exemplos: Toma a parte pelo todo o Salmista ao dizer “Minha carne repousará segura”, em lugar de dizer; meu corpo ou meu ser que seria o todo, pois a carne é só parte de seu ser.
Tomam o todo pela parte os acusadores de Paulo ao dizerem: “Este homem é uma peste e promove sedições entre os judeus espersos por todo mundo”, significando, por aquela parte do mundo ou Império romano que o Apóstolo havia alcançado com sua pregação (At. 24.5).





METONÍMIA.

Emprega-se esta figura quando se emprega a causa pelo efeito, ou sinal ou símbolo pela realidade que indica o símbolo.
Exemplos: Vale-se Jesus desta figura empregando a causa pelo efeito ao dizer: “Eles tem Moisés e os profetas; ouçam-nos”, em lugar de dizer que eles tem os escritos e Moisés e os dos profetas, ou seja, o Antigo testamento.

PROSOPOPÉIA.

É uma figura de linguagem que dá vida aos seres inanimados, personificando-os e atribuindo-se-lhes os feitos e ações das pessoas.

Exemplo: O apóstolo fala da morte como de pessoa que pode ganhar vitória ou sofrer derrota, ao perguntar: “Onde está ó morte o teu aguilhão” (1 Co.15.55).

IRONIA.

Faz-se uso desta figura quando se expressa o contrário do que se quer dizer, porém sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro.

Exemplo: Paulo emprega esta figura quando chama aos falsos mestres de os tais apóstolos, dando a entender ao mesmo tempo em que de nenhum modo são apóstolos ( 2 Co.11.5; 12.11; veja-se 11.13).

Vale-se da mesma figura o profeta Elias quando disse aos sacerdotes dói falso deus Baal: “Clamai em altas vozes… e despertará”, dando-lhe a entender, por sua vez, que era de todo inútil gritarem (1 Rs.18.27).

HIPÉRBOLE.

É a figura pela qual se representa uma cousa com muito maior ou menor do que em realidade ela é, a fim de apresentá-la viva á imaginação. Tanto a ironia como a hipérbole são pouco usadas nas Escrituras, porem, algumas vezes ocorrem.

Exemplos: fizeram uso da hipérbole os exploradores da terra de Canaã quando voltam para contar o que ali haviam visto, dizendo: “Vimos ali gigantes…e éramos aos nossos próprios olhos como gafanhotos…as cidades são grandes e fortificadas até aos céus” (Nm.13.33; Dt.1.28). Daí se vê que aqueles espiões falavam como se costuma dizer entre nós uma pessoa a outra, por exemplo: “Já lhe avisei mil vezes”, querendo dizer tão somente: “Já lhe avisei muitas vezes”.

ALEGORIA.

Não só se empregam determinadas palavras em sentido figurado nas Escrituras, mas ás vezes, texto e passagens inteiros; assim é que achamos o uso da alegoria, da fábula, do enigma, do símbolo, e da parábola, figuras que ocorrem também em outra classe de literatura.
A alegoria é uma figura retórica que geralmente consta de várias metáforas unidas, representando cada uma delas realidades correspondentes. Costuma ser tão palpável a natureza figurativa da alegoria, que uma interpretação ao pé da letra quase se faz impossível. Ás vezes a alegoria está acompanhada, como a parábola, da interpretação que exige.

Exemplo: Tal exposição alegórica nos faz Jesus ao dizer: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne… Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna”. Esta alegoria tem sua interpretação na mesma passagem da escritura ( João 6.51-65).

FÁBULA.

Fábula uma alegoria histórica, pouco usada na escritura, na qual um fato ou alguma circunstância se expõe em forma de narração mediante a personificação de cousas ou de animais.

Exemplo: Lemos em 2 Reis 14.9: “O cardo que está no Líbano, mandou dizer ao cedro que lá está: Dá tua filha por mulher e meu filho; mas os animais do campo, que estavam no Líbano passaram e pisaram o cardo”. Com esta fábula Jeoás, rei de Israel, responde ao repto de guerra que lhe havia feito Amazias, rei de Judá. Jeoás compara-se a si mesmo ao robusto cedro do Líbano e humilha ao seu orgulhoso contendor, igualando-o a um débil cardo, desfazendo toda aliança entre os dois e predizendo a ruína de Amazias com expressão de que “os animais do campo pisaram o cardo”.

ENIGMA.

O enigma também é um tipo de alegoria, porem sua solução é difícil e obstrusa.

Exemplo: Sansão propôs aos filisteus o seguinte: “Do comedor saiu a comida e do forte saiu doçura” ( Jz.14.41). A solução se encontra no sobredito trecho bíblico.



TIPO:

O tipo uma classe de metáfora que não consiste meramente em palavras, mas em fatos semelhantes, pessoas ou objeto no porvir. Estas figuras são numerosas e chamam-se na Escritura de sombra dos bens vindouros, e se encontram, portanto, no Antigo Testamento.

Exemplo: Jesus mesmo faz referência á serpente de metal levantada no deserto, como tipo, prefigurando a crucificação do Filho do homem. (João 3.14).





SÍMBOLO.

O símbolo é uma espécie de tipo pelo qual se representa alguma cousa ou algum fato por meio de outra cousa ou fato familiar que se considera a propósito para servir de semelhança ou representação.

Exemplo: O leão é considerado o rei dos animais do bosque; assim é que chamamos nas Escrituras a majestade real simbolizada pelo leão. Do mesmo modo se representa a força pelo cavalo e a astúcia pela serpente (Ap.5.5; 6..2; Mt.10.16).

PARÁBOLA.

A parábola é uma espécie de alegoria apresentada sob forma de uma narração, relatando fatos naturais ou acontecimentos possíveis, sempre com o objetivo de declarar ou ilustrar uma ou várias verdades espirituais.

Exemplo: Em Lucas 18.1-7 expõe Jesus a verdade de que é preciso orar sempre e sem desfalecer, ainda que tardemos em receber a resposta. Para aclarar e imprimir nos corações esta verdade, serve-se de exemplo ou parábola de uma viúva e um mau juiz, que nem teme a Deus nem respeita aos homens. Comparece a viúva perante o juiz pedindo justiça contra seu adversário. Porém, o juiz não faz caso; mas em razão de voltar a molestá-lo, a viúva consegue que o juiz injusto lhe faça justiça. E assim Deus ouvirá aos seus “que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los”.


SÍMILE.

A figura de retórica denominada símile procede da palavra latina “Similis” que significa semelhante ou parecido a outro.”Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem”. “Como pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem”.


INTERROGAÇÃO.

A interrogação como figura de retórica, não é apenas uma pergunta. Ao mesmo tempo em que uma pergunta ela encerra em si mesma uma conclusão: “Não fará justiça o Juiz de toda a terra” (Gn.18.25). Isso equivale a dizer que o Juiz de toda a terra fará o que é justo. Como se vê, na interrogação ao mesmo tempo em que se faz a pergunta está fazendo uma afirmação, sendo esta figura muito usada na Bíblia.







APÓSTROFE.

A apóstrofe se assemelha muito á personificação ou prosopopéia. A palavra apóstrofe quer dizer volver-se. O vocábulo indica que o orador se volve de seus ouvintes imediatos para dirigir-se a um a pessoa ou cousa ausente ou imaginária: “Que tens, ó mar, que assim foges? E tu, Jordão, para tornares atrás? Montes, porque saltais como carneiros? E vós colinas, como cordeiros do rebanho? Estremece, ó terra, presença do Deus de Jacó, o qual converteu a rocha em lençol de água e o seixo em manancial” (Sl. 114.5-8).

ANTÍTESE.

Significa colocar uma cousa contra a outra. É a “inclusão, na mesma frase, de duas palavras, ou dois pensamentos, que fazem contraste um com o outro”. Disse Moisés no seu discurso de despedida: “Vê que proponho hoje a vida e o bem, a morte e o mal” (antítese dupla). “Os céus e a terra tomo hoje como testemunhas contra ti que te propus a vida e a morte, a benção e a maldição (duas antíteses): escolha, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência”.

CLÍMAX OU GRADAÇÃO.

A palavra procede do latim clímax e esta do grego Klimax que significa escala, no sentido figurado da palavra. É a “apresentação de uma série de idéias em progressão ascendente ou descendente”. A maioria dos sermões bem preparados têm mais de uma gradação final de caráter extraordinário. A gradação pode consistir em suas poucas palavras ou pode estender-se por todo o discurso ou livro.

PROVÉRBIO.

Este vocábulo procede das palavras latinas pro que significa antes e verbum que quer dizer palavra. Trata-se de um dito comum ou adágio. O provérbio tem sido definido como uma afirmação extraordinária e paradoxal.

ACRÓSTICO.

A palavra acróstico procede dos vocábulos gregos que significam extremidade ou verso. Temos vários exemplos de acrósticos no Antigo Testamento. O mais notável é o Salmo 119, com seus 176 versos. Contém 22 estrofes, e cada uma delas corresponde a uma letra do alfabeto hebraico.

PARADOXO.

Denomina-se paradoxo a uma proposição ou declaração oposta á opinião comum; a uma afirmação contrária a todas as aparências e á primeira vista absurda, impossível, ou em contraposição ao sentido comum, porém que, se estudada detidamente, ou meditando nela, torna-se correta e bem fundamentada. Nosso salvador empregou com freqüência esta figura entre seus ouvintes, com o objetivo de sacudi-los de sua letargia e despertar seu interesse.

“Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus” (Mt. 16.6; Mc 8.14.21 e Lc.12.1). Só depois os discípulos entenderam que o Senhor se referia ás más doutrinas e á hipocrisia dos fariseus e saduceus, com tais palavras. “Deixe aos mortos o sepultar os seus próprios mortos” (Mt. 8.22).

HEBRAÍSMOS.

Por hebraísmos entendemos certas expressões e maneiras peculiares do idioma hebreu que ocorrem em nossas traduções da Bíblia, que originalmente foi escrita em hebraico e em grego. Alguns conhecimentos destes hebraísmos são necessários para poder fazer uso devido de nossa primeira regra de interpretação.

Exemplos:

1. Era costume entre os hebreus chamar a uma pessoa filho da cousa que de um modo especial a caracterizava, de modo que ao pacífico e bem disposto se chamava filho da paz; aos desobedientes, filhos da desobediência; ao iluminado e entendido filho da luz (Lc.10.6; Ef.2.2; 5.6 e5.8).
As comparações eram expressas ás vezes, mediante negações, como, por exemplo, ao dizer Jesus: “Qualquer que a mim me receber, não recebe a mim mas ao que me enviou”, o que equivale á nossa maneira de dizer: O que me recebe: não recebe tanto a mim, quanto ao que me enviou; ou não somente a mim mas também ao que me enviou. Em outras partes, o amar e aborrecer eram usados para expressar a preferência de uma cousa a outra; assim é que ao ler, por exemplo: “Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú”, devemos compreender: preferi Jacó a Esaú.
Com freqüência usavam os hebreus o nome dos pais para denotar seus descendentes, como, por exemplo, ao dizer-se (Gn.9.25): “Maldito seja Canaã”, em lugar dos descendentes de Canaã (excetuando-se, é claro, os justos de seus descendentes). Muitas vezes usa-se também o nome de Jacó ou Israel (Gn.49.7; Sl.14.7; Rs.18.17,18).
A palavra “filho” usa-se, ás vezes, como em quase todos os sacerdotes se chamam filhos de Levi; Mefibosete se chama filho de Saul, embora, em realidade, fosse seu neto.
Além dos hebraísmos referidos, ocorrem outras singularidades na linguagem bíblica, certos quase-hebraismos, que precisamos conhecer para a correta compreensão de muitos textos. Referimo-nos ao uso peculiar de certos números, de algumas palavras que expressam fatos realizados ou supostos e de vários nomes próprios.
Exemplos: Certos números, usam-se ás vezes em hebraico para expressar quantidades indeterminadas.
“Dez” por exemplo, significa “vários”, como também este número exato (Gn.31.7; Dn.1.20).
“Quarenta” significa “muitos”. Persépolis era chamada “a cidade das quarenta torres”, embora o número delas fosse muito maior.
“Sete” e “setenta” se usam para expressar um número grande e completo, ainda que indeterminado (Pv. 26. 16,25; Sl.119.164; Lv.26.24). Ordena-se a perdoar até setenta vezes sete para dar-nos a compreender que, se o irmão se arrepende, devemos sempre perdoar-lhe.

Pessoas diferentes designadas com o mesmo nome. Faraó, que significa regente, era o nome comum de todos os reis do Egito desde o tempo de Abraão até a invasão dos persas, mudando-se depois o nome de Faraó pelo de Ptolomeu.
Abimeleque, que significa meu pai e rei, parece haver sido o nome comum dos reis dos filisteus. Agague, o dos reis dos amalequitas; Bem-Hadade dos sírios e o de César, dos imperadores romanos.
Os reis egípcios e filisteus parecem ter tido um nome próprio além do comum, como os romanos. Faraó Neco, Faraó Ofra..
No Novo Testamento se conhecem diferentes pessoas sob o nome de Herodes, a saber:
Herodes, o Grande assim chamado na história profana, foi quem sendo já velho, matou as crianças em Belém. Após sua morte, metade de seu reino, Judéia e Samaria foi dada a sue filho Arquelau.
Herodes, o tetrarca, filho de Herodes o Grande. Após a morte do pai, reinou sobre a maior parte da Galiléia. Este mandou decapitar João Batista.
Filipe Herodes, o terceiro filho de Herodes o Grande, reinou sobre partes da Síria e Galiléia.
Outro Herodes, neto do Cruel Herodes o Grande, matou o apóstolo Tiago, tendo morrido depois abandonado em Cesaréia.
Herodes Agripa, filho do assassino de Tiago. Perante este é que Paulo compareceu, apresentado por Festo. O caráter deste rei Agripa era muito diferente do de seu pai. Não confundi-los é de importância para a correta compreensão da História.
Levi em Mc.2.14 é o mesmo que Mateus. Tomé e Dídimo são a mesma pessoa. Tadeu, Lebeu e Judas são os diferentes nomes do apóstolo Judas. Natanael e Bartolomeu são também os nomes de uma mesma pessoa.
Conheça as Escrituras e o poder de Deus.
Fim. Amém.























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Um comentário:

  1. Muito boa aula de hermenêutica aprendi mais um pouco. Deus abençoe os editores.

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